quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Flores e frutos

Nos anos 70, o libertador Amilcar Cabral disse: "as crianças são as flores da revolução", e olhando ternamente para as crianças todos citamos orgulhosamente este dito. As crianças do tempo independentista também o repetiam cega e fervorosamente e se sentiam especiais. Onde estão elas as flores de outrora que deviam agora ser os frutos? Estudaram nos melhores liceus do país, tiveram as melhores bolsas de estudo para estudar nas universidades europeias. O libertador sabia que cabia a elas continuar a missão da liberatação. Algumas deixaram os estudos pelo meio do caminho, outros seguiram a emigração. Mas todas fazem parte de grandes conquistas e em tão pouco tempo. O primeiro governo durou tempo suficiente para gerar outro no seu seio que sucessivamente trocam os postos uns com os outros como as monções. Nos anos 90 o país abre ao mercado mundial, vem a onda das privatizações das estatais. Com tudo escancarado, um problema ao longe se vislumbra: como lidar com a mentalidade paternalista? Durante tanto tempo dependentes de "apoios"... É sempre a figura paterna a tomar frente em tudo, o chefe do governo, o chefe das repartições e das instituições fala por todos. A mentalidade superior do poder colonial é transferida para o poder das administrações, por isso, se se pretende um bom atendimento convém falar em português. Permanece todavia o mesmo medo de questionar que começa nas salas de aula das escolas primárias. A maioria dos pais entregam os filhos para ficarem nas mãos dos professores dos liceus que têm turmas de 35 a 40 alunos. Ser ousado é algo de exótico em Cabo Verde, por isso, aparecem muitos por aí a dizer tantas asneiras... E são cegamente venerados por isso.
As flores transformaram-se em frutos e querem continuar o processo aplicando os seus conhecimentos a favor. Tal como em toda parte as engenharias as medicinas, economias, são o sinal de prosperidade, mas em CV áreas das ciências sociais são uma uma anedota: ainda há quem pergunte para quê antropólgos se não há macacos no país. Com a massificação da concorrência em tudo, viraram-se uns contra os outros. Excepto alguns elitistas que se elogiam uns aos outros, recriando o mesmo modelo do grupo poder central, acenando a sua coroa imaginária e rosnando para os plebeus. Em que monstro se transformou a necessidade latente de liberdade no verdadeiro sentido da palavra??

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