terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um passo

Na década de 30, falar de exclusão social era blasfémia, então, eis que surge um grupo de intelectuais determinados em lutar pela ruptura do sistema, para a justiça social e para a liberdade do homem. Os claridosos.

Leia-se um dos poemas de Osvaldo Alcântara (pseudónimo de Baltazar Lopes da Silva), um dos responsáveis pelo movimento Claridade.

Passaporte para Pasárgada

«Pasárgada não é lugar a comum.

Lá quem manda é o Rei,

que é amigo dos horizontes

e ouve as cantigas que os meninos cantam

na Rua Direita e na Rua do Sol»

«Quem tenha ouvidos e oiça, que vá.

Os surdos não entram em Pasárgada

Os surdos, entrego-os na misericórdia de Cristo,

que os há-de aperfeiçoar para a próxima reincarnação

Nesta não entram em Pasárgada.»

«Oh! Rei! Pela tua magnificência,

Concede mãos aos homens

para poderem ser cidadãos de Pasárgada…»

Extrato do poema «Passporte para Pasárgada» da obra "Cântico da Manhã Futura"

de Osvaldo Alcântara,

Este foi e é o nosso país…

A distância temporal dos anos 30 para o presente é apenas uma ilusão!

O inimigo é sempre o mesmo e não dorme, é omnipresente.

A construção do nosso país não está apenas nas mãos de meia dúzia de pessoas como nos querem fazer acreditar!

Sua Excia daqui e Sr. Ministro dacolá...O nosso vocabulário tem mais do que isso!!!

Tem também o senhor. Fulano, menina Beltrana, senhora Sicrana..

Atenção: Somos mais!! E cada um com a sua ciênca. Somos um só, somos o poder.

É preciso incluir a palavra Humildade no nosso quotidiano para podermos acreditar em nós mesmos e nos outros! Se ficarmos nesse ciclo vivioso do "o que fizeres hoje, eu destruirei amanhã quando estiver no poder" vai ser o fim, porque, assim esgotaremos os recursos, e a nossa sociedade entrará em descalabro, assim como acotece com o o equilíbrio da Natureza quando sucede o abuso dos recursos naturais.

Vamos rasgar as palavras de grandeza, não queremos ser grandes, queremos apenas existir com dignidade! Se escolhermos ficar grandes e vazios, podemos morrer de fome. Não somos balões!

Tenhamos em atenção ao nosso património natural e cultural porque eles existem e apresentam-se ao alcance dos nossos sentidos, e somos suficientemente racionais para cuidar dele, não somos animais irracionais!!

Os nossos antepassados ensinaram-nos a lutar pela justiça social para um Cabo Verde melhor.

Sim é difícil tirar os olhos do chão porque temos que trabalhar a “terra”, ok. Temos que criar os nossos filhos ok. Mas é exactamente por isso, para fazermos melhor é preciso olhar para o geral para compreendermos o particular e avançar. Ás vezes é preciso darmos um passo para trás para podermos continuar a jornada.

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