quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Centro das ambições


A cidade
Chico Science
Composição: João Higíno Filho

O sol nasce e ilumina
as pedras evoluídas
que cresceram com a força
de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam
vigiando as pessoas
não importa se são ruins
nem importa se são boas

E a cidade se apresenta
centro das ambições
para mendigos ou ricos
e outras armações
coletivos, automóveis,
motos e metrôs
trabalhadores, patrões,
policiais, camelôs

A cidade não pára
a cidade só cresce
o de cima sobe
e o de baixo desce
a cidade não pára
a cidade só cresce
o de cima sobe
e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída
por aqueles que a usaram
em busca de uma saída
ilusora de pessoas
de outros lugares,
a cidade e sua fama
vai além dos mares

E no meio da esperteza internacional
a cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
sempre uns com mais e outros com menos

A cidade não pára
a cidade só cresce
o de cima sobe
e o de baixo desce
a cidade não pára
a cidade só cresce
o de cima sobe
e o de baixo desce

Eu vou fazer uma embolada,
um samba, um maracatu
tudo bem envenenado
bom pra mim e bom pra tu
pra gente sair da lama e enfrentar os urubus
Num dia de sol, recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Perguntas com resposta?


Porque é que nos sonhos as sensações são mais fortes do que quando estamos acordados?
Porque é que nos sonhos o tempo parece infinito?
Porque é que as mulheres grávidas em Cabo Verde sonham com centopeias (escolopendras)?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Chance de Aladim

Se canto sou ave, se choro sou homem
Se planto me basto, valho mais que dois
Quando a água corre, a vida multiplica
O que ninguém explica é o que vem depois... depois

No alto da montanha o vazio é tamanho
No ventre do mar a treva é abissal
Indo pela beira falta sal na vida
O que ninguém ensina é o ponto do mingau

Numa pirueta o corpo se agiganta
Bate uma preguiça, a fé fica pra trás
O amanhã num instante vira agora
Eu juro que ninguém me disse que era nunca mais...que era nunca mais

No dedo mindinho levo o meu carinho
O anel de safira vai no anular
Pai-de-todos manda, fura-bolos fura
Viro o azar em sorte no meu polegar

Mão de milho, mão de irmão que dá e tira
Sumo de mentira, escapo e digo sim
Meia-volta e o par é quem topa a quadrilha
E ninguém me livra de ser livre em mim

Esfrego e um gênio cumpre três desejos
Fantasio a morte, engano a dor banal
O que ninguém me rouba é o sonho de gigante
E o tudo e o nada, juntos brincam o carnaval

Nunca é tarde pra acender a lamparina
E enxergar além da vaidade vã
Nunca é nada pra quem curte uma saudade
E niguém me nega a luz dessa manhã
Quem disse que ser feliz é o fim de tudo?
O que ninguém me tira é o começo de mim
Meu canto é maior quando o mundo é mudo
E o que muda o mundo é a chance de Aladim...a chance de Aladim

O amor é tudo, o diabo quer chamego
Nunca é muito cedo pra se achar a rima
Pego a lã, o pão, a viola, e o canivete
O que ninguém me dá, eu pego e danço em cima
O que ninguém explica, o que ninguém revela
O que ninguém me disse, o que ninguém me dá
O que ninguém me ensina, o que ninguém me livra
O que ninguém me entrega, é certo, Deus dará
É certo, Deus dará, certo, Deus dará...

Ney Matogrosso
Composição Luli Oswald