Dedico este blog para: todos os cabo-verdianos que não questionam nem a sua cabo-verdianidade nem a do próximo. Que se aceitam simplesmente como cabo-verdianos. Para aquele que viveu na era em que se era português só no documento e tinha menos direitos em relação ao da metrópole. Para aquele que conheceu de perto o Movimento Claridade, a corrente realista que inaugurou a pesquisa etnográfica em Cabo Verde. Para aquele que viveu a era independentista num país que tinha de se afirmar no mundo através da coligação política com o continente. O Africanismo desenvolve-se no contexto dos desmoronamentos dos impérios coloniais. A lusitanidade é substituída pela africanidade.Fernandes (2006) conclui que “nação crioula foi sendo adiada à medida que se abriram aos crioulos as portas para um nacionalismo lusitano ou africano, e não propriamente cabo-verdiano.”* Para aqueles que contribuem para a preservação e a divulgação do património cultural cabo-verdiano, lançando luz aos diferentes contextos. Para aqueles que cultivam a atitude reivindicativa do Capitão Ambrósio. Para aqueles que acreditam que a centralização dos poderes na Praia atrasa o país. Para aqueles que vivem nos outros municípios injuriados por esperar três meses por um documento que voou até a capital para ser gloriosamente assinado e que teve de ser emitido outra vez porque o original perdeu-se na gaveta do Sr. Dr. Para aqueles que lutam contra a injustiça dos projectos que vão das outras ilhas e mudam de autor quando chegam na Praia. Para os jornalistas que derrubam os clichés e investigam a fundo o que se passa em Cabo Verde contrapondo aos abutres preconceituosos que se acham os deuses da informação quando um político os telefona pedindo uma grande entrevista de conteúdo duvidoso, para acalentar a cabeça dos alienados. Para aqueles que conhecem Cabo Verde com as suas próprias capacidades sensoriais e intelectuais.
*Fernandes, Gabriel (2006), Em busca da Nação, UFSC
Já te estou a seguir... a minha opinião é suspeita mas, não posso deixar de dizer... que prazer ler-te!!!
ResponderEliminarParabéns pelo blog, Bonga!
Obrigada Bonga. Dizem que mais vale ser dono do nosso silêncio do que escravo das nossas palavras. Acho que, por outro lado, a vida sem palavras desenvolve-se em direcção a um vazio corrosivo
ResponderEliminarum braça!
Adorei Isa! Já estou seguindo de perto o teu blog. Cumprimentos.
ResponderEliminarParabéns pela iniciativa, Pedro.
ResponderEliminarAmílcar, Pedro, obrigada pela força.Estamos juntos!
ResponderEliminarsigo-te ...
ResponderEliminar(atentamente)
iv*
"mais vale ser dono do nosso silêncio do que escravo das nossas palavras"
ResponderEliminarsubscrevo
(embalo-me nas tuas palavras ... regressadas)
iv*
Isabel, marcou-me muito a conversa que teve com a nossa turma do seminário de museologia sobre a importância dos blogs não só para a o universo dos museus como tb para este nosso mundo cada vez mais individual. Aqui estou tentando acompanhar. obrigada pela força. Um abraço
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