“Tempo é dinheiro.” Um dito popular global do quotidiano usado com mais frequência em territórios onde há uma percentagem de activos profícua ao fenómeno do progresso.
Em alguns casos seria melhor dizer: “Tempo é tempo”.
No nosso país, por exemplo, a maioria desconhece a ligação real de tempo a dinheiro. Aqui o tempo sobra. Para as gentes da terra há sempre tempo.
A humanidade tem plena consciência do mapa cujos caminhos levam ao progresso, mas, alguns humanos ignoram esses mapas. Há culturas que preferem acreditar numa hipotética organização excêntrica do caos. Simplesmente para alimentar a doce ilusão de se ser infinito no tempo.
Em Cabo Verde, que é um país a caminho do desenvolvimento, a avidez de plenitude reflecte-se no consumismo, na cultura da superficialidade e na falsa simplicidade zen que finge cultivar o profundo mas não sai da bóia. Quando isso é regra num país como o nosso, perguntamos que tipo de desenvolvimento pretendemos alcançar? É um desenvolvimento que realmente leva ao progresso? O que estamos a fazer com o tempo que “temos”?
O sistema imunitário humano aprende uma lição com cada invasão e evolui. Os genes, por sua vez, passam de geração em geração apreendendo a lidar com “os tempos”.
Com o tempo somos mutantes. Tal como águas passadas não movem moinhos.
A evolução, de acordo com Darwin, é oportunista, aproveita as mudanças do ambiente para avançar. Isso para mencionar sobre o valor do tempo.
Em alguns cantos do planeta há uma consciência de preservação ambiental, temos o exemplo do conceito da modernidade: “desenvolvimento sustentável”, que no fundo significa: pensar e agir de acordo com o bem-estar e o progresso das futuras gerações.
No nosso país, embora seja pobre, promove-se atitudes consumistas, elitistas e impessoais que consequentemente geram vários problemas sociais que enfraquecem a massa humana. Essa busca da imortalidade simbólica através da sede de plenitude leva ao esbanjamento do tempo que por sua vez corrompe a condição de país em desenvolvimento.
Desvanece-se em simbiose com o tempo, embora muitos tenham a certeza que ao medi-lo estão a exercer controle sobre ele. A falsa certeza de se controlar o tempo tem sido o guia espiritual para muito boa gente. Uma ilusão que ainda mora secretamente no coração de muitos que recusam consciente ou inconscientemente usar o tempo de acordo com o conceito de “desenvolvimento sustentável”.