“Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas acções dos homens.”
Albert Einstein (1879-1955), físico alemão
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Lindo
O menino da sua mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem!
Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.
Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Fernando Pessoa
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem!
Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe.
Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Fernando Pessoa
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Cabral e o Medo
O maior teórico independência de Cabo Verde diria que ainda não somos um país independente. Diria que ainda há muito trabalho a fazer. O sistema de hoje é copy paste do regime colonialista. Assim como na época colonial, o medo é ainda a ferramenta principal do poder. Antigamente era o medo de ser enviado para outra parte do planeta, hoje é o medo de opinar contra, para não ser eliminado pela grande família. Antes eram o portugueses colonialistas e não os portugueses das ilhas, a desfrutarem dos direitos, que teoricamente eram para todos. Hoje os direitos que teoricamente são para todos, são na prática para grupos de interesses comuns em relação aos que realmente têm competência. Hoje não temos a Pide para fiscalizar e censurar tudo. Temos sim formas subtis de silenciar pessoas. Boicote de projectos, assédio moral no trabalho (ou mobbing), violação de direitos de autor...
E o que diria Amilcar Cabral quanto a esses fenómenos?
"Todos os abusos, todos os privilégios de grupos ou grupinhos, não podemos aceitar na nossa terra amanhã, se de facto queremos libertar o nosso povo. Não vamos libertar o nosso povo só dos colonialistas tugas, não, mas de tudo quanto prejudica o caminho do progresso. Temos que destruir a ignorância, e toda a espécie de medo, a pouco e pouco, passo e passo. Quando conseguirmos isso, teremos libertado de verdade o povo da nossa terra. Porque a maior pressão que existe sobre e um povo, não é a dos colonialistas camaradas, não é a falta de trabalho, é o medo.” *
Nos serviços públicos, tratam os utentes como se fossem delinquentes presos. A única forma de demonstrarmos que não temos medo das suas caras feias é igualarmo-nos a eles, em termos de poder, isto é, falar em português. O feitiço quebra-se imediatamente. E isso não é apenas simplesmente herança colonial, isso reflecte como o medo é ainda a ferramenta preferida dos pequenos e dos grandes poderes.
*Cabral, Amilcar Resistência política, 1970
E o que diria Amilcar Cabral quanto a esses fenómenos?
"Todos os abusos, todos os privilégios de grupos ou grupinhos, não podemos aceitar na nossa terra amanhã, se de facto queremos libertar o nosso povo. Não vamos libertar o nosso povo só dos colonialistas tugas, não, mas de tudo quanto prejudica o caminho do progresso. Temos que destruir a ignorância, e toda a espécie de medo, a pouco e pouco, passo e passo. Quando conseguirmos isso, teremos libertado de verdade o povo da nossa terra. Porque a maior pressão que existe sobre e um povo, não é a dos colonialistas camaradas, não é a falta de trabalho, é o medo.” *
Nos serviços públicos, tratam os utentes como se fossem delinquentes presos. A única forma de demonstrarmos que não temos medo das suas caras feias é igualarmo-nos a eles, em termos de poder, isto é, falar em português. O feitiço quebra-se imediatamente. E isso não é apenas simplesmente herança colonial, isso reflecte como o medo é ainda a ferramenta preferida dos pequenos e dos grandes poderes.
*Cabral, Amilcar Resistência política, 1970
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Isto ou aquilo?
Sobre criminalidade e desenvolvimento: Será contradição? Passamos de país sub desenvolvido para país em vias de desenvolvimento mas a criminalidade não apresentou sinais de abrandamento. Descartamos a criminalidade como indicador ou reformulamos o conceito de desenvolvimento?
Bíblia Sagrada e Saramago: Quem não deve estar contente com o escritor deve ser o anticristo declarado, Marilyn Manson, como poderá ele ser o anticristo e ter o Diabo no corpo se Deus não existe, Ele que criou tudo inclusive o Diabo, o anjo caído?
Sobre a queda de seis lugares da liberdade de imprensa em CV. A culpa não é de ninguém, mas sim do sistema.... Esperava-se que o jornalismo acompanhasse a passagem do país de "sub desenvolvido" a "desenvolvimento médio". Mas tal não se verificou.
De acordo com entrevistas na televisão nacional com artistas e algumas festas de comemoração do dia da cultura fica a questão: Celebra-se a cultura caboverdiana em si ou as manifestações artísticas do país?
Bíblia Sagrada e Saramago: Quem não deve estar contente com o escritor deve ser o anticristo declarado, Marilyn Manson, como poderá ele ser o anticristo e ter o Diabo no corpo se Deus não existe, Ele que criou tudo inclusive o Diabo, o anjo caído?
Sobre a queda de seis lugares da liberdade de imprensa em CV. A culpa não é de ninguém, mas sim do sistema.... Esperava-se que o jornalismo acompanhasse a passagem do país de "sub desenvolvido" a "desenvolvimento médio". Mas tal não se verificou.
De acordo com entrevistas na televisão nacional com artistas e algumas festas de comemoração do dia da cultura fica a questão: Celebra-se a cultura caboverdiana em si ou as manifestações artísticas do país?
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Quem ama cuida
Mononoke Hime é um filme de animação japonês dirigido por Hayao Miyazaki
Japão, Era Muromachi (1336 a 1392) . Aquele era um tempo de muitas mudanças, onde os homens ainda conviviam com feras e deuses. Mas a paz só duraria até um inevitável dia em que tudo seria posto abaixo e o homem mostraria do que era capaz. Um terrível demônio que possui o corpo de Deus-Javali, estava deixando a floresta e se dirigindo ao vilarejo dos Emishi, um povo nobre cujo príncipe chama-se Ashitaka, ele é quem se encarregará de parar o terrível Deus-Javali (na verdade um "Tatari Gami", ou "Deus da Maldição") que estava a caminho de sua região, e com certeza iria destruí-la. Mas o resultado dessa batalha é que ele acaba recebendo uma maldição, posta pelo demônio pouco antes de morrer. Condenado, Ashitaka decide deixar seu povo e segue para o oeste, em busca da cura para o seu problema....
Fonte: Wikipédia
Japão, Era Muromachi (1336 a 1392) . Aquele era um tempo de muitas mudanças, onde os homens ainda conviviam com feras e deuses. Mas a paz só duraria até um inevitável dia em que tudo seria posto abaixo e o homem mostraria do que era capaz. Um terrível demônio que possui o corpo de Deus-Javali, estava deixando a floresta e se dirigindo ao vilarejo dos Emishi, um povo nobre cujo príncipe chama-se Ashitaka, ele é quem se encarregará de parar o terrível Deus-Javali (na verdade um "Tatari Gami", ou "Deus da Maldição") que estava a caminho de sua região, e com certeza iria destruí-la. Mas o resultado dessa batalha é que ele acaba recebendo uma maldição, posta pelo demônio pouco antes de morrer. Condenado, Ashitaka decide deixar seu povo e segue para o oeste, em busca da cura para o seu problema....
Fonte: Wikipédia
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Adolescência
Contraste
Da velha tempestade
te escondes sem liberdade.
Com a verdade no olhar
te escondes sem maldade
Não há batalha sem guerra.
Não há noite sem madrugada.
Prontifica-te a lutar.
Porém,
Não te deixes levar por aqueles que:
- Na velha tempestade
escondem a liberdade,
- Com o olhar na verdade
se defendem com maldade,
- Prontificam a matar, sem viver nem chorar.
Isa Dora Silva, 1995
Da velha tempestade
te escondes sem liberdade.
Com a verdade no olhar
te escondes sem maldade
Não há batalha sem guerra.
Não há noite sem madrugada.
Prontifica-te a lutar.
Porém,
Não te deixes levar por aqueles que:
- Na velha tempestade
escondem a liberdade,
- Com o olhar na verdade
se defendem com maldade,
- Prontificam a matar, sem viver nem chorar.
Isa Dora Silva, 1995
sábado, 17 de outubro de 2009
Loucos, quem são eles?
"Uma parte do mundo troça da outra e uma e outra riem-se da loucura comum"
Baltasar Gracián y Morales
Baltasar Gracián y Morales (8 de janeiro de 1601 - 6 de dezembro de 1658) foi um importante prosador espanhol do século XVII ao lado de autores como Francisco Quevedo e Miguel de Cervantes, além de Teólogo e filósofo.
Entre sua prosa didática destacou-se a obra "A arte da prudência". Gracián influenciou pensadores como La RocheFoucauld, Voltaire, Jaques Lacan e principalmente os filósofos Shopenhauer e Nietzshe.
Fonte: Wikipédia
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Contacto
Diário de bordo.... Directamente do triângulo de Bermudas, dia 16 de Oct
Nem uma aragem, que saudades de um grão de poeira a pairar no ar! O oceano engole-nos e estamos vivos. A tripulação em geral já não tem noção de datas. É que parece que os ponteiros dos relógios fazem o caminho inverso e param também ás vezes... E o tempo não passa, passando. Podemos ver um fio de cabelo a descolorar-se lentamente com a accção dos raios ultra violetas, e isso acontece num dia (que é uma semana).
Agora vou tentar mais uma vez o mayday
"mayday mayday eeei mayday, estamos aqui (onde estamos mesmo?) Mas sem resposta...
Saudades de um grão poeira a pairar no ar...
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
A tirania em nós
Nesta terra calamos demais, mas nem todos o fazem.. Alguns esguelam esguelam e cansam-se. É verdade, cansamo-nos quando vemos que o cortejo simplesmente continua o seu rumo ao mesmo ritmo. Uns carregando a nostalgia da familiaridade e da simplicidade do quotidiano de antigamente. Outros carregando a falsa leveza do conformismo que é anti-vida. Afinal estamos no mesmo ponto. Anos 20, anos 60 séc.XXI, tudo farinha do mesmo saco. Tudo num prato infinitamente raso. A prova é que se experimentarmos fechar os olhos podemos sentir a presença de um passado à nossa escolha.Está tudo na nossa mente e o que está dentro dela também é real.
Imagem: http://s261.photobucket.com/albums/ii47/mariaaugusta77/?action=view¤t=shadow-dance.jpg
Afinal nada se move. Muitos dizem: "Nesta terra, trabalhar para o Estado é frustrante, não há espaço para criatividade..." Como explicar essa contradição para uma criança (é que elas estão cada vez mais interessadas e têm acesso à internet). Cedo elas vão aprender que o telejornal nacional passa apenas inaugurações, seminários que prometem mudar coisas, pessoas com caras sérias e distantes apresentando vestes tipo fardas de tropa de cores neutras e tristes, as notícias não variam muito, é a oscilação de preços, e pessoas que reclamam, uma ou outra cena mais emocionante, tipo , um poste de luz que caiu, ou fulano que agrediu sicrana. Cedo as crianças vão entender que não vale a pena ver o telejornal e que é internet que dá informação... Será que as crianças de hoje darão continuidade a esta vida fictícia retratada no telejornal? Que rumo tomará tudo isso? Será que aquilo que escrevemos nos blogs, denunciando, criticando dará luz a uma nova realidade paralela à realidade fictícia do telejornal. Ou nós os blogueiros ficaremos sempre à margem, esquecidos? Seremos todos hipócritas??
Termino post desanimado com uma passagem de um poema de Khalil Gibran cujo o tema é liberdade."E se é um tirano quem quereis destronar,vede, antes de tudo, se o trono dele em vós está bem destruído.Porque, como pode um déspota dominar os livres e altivos, se não houver tirania na liberdade desses e vergonha na sua própria altivez?"
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
WAR
Until the philosophy which hold one race superior and another inferior is finally and permanently discredited and abandoned -everywhere is war
-me say war.
That until there no longer first class and second class citizens of any nation
Until the colour of a man's skin is of no more significance than the colour of his eyes
Until the colour of a man's skin is of no more significance than the colour of his eyes
-Me say war.
That until the basic human rights are equally guaranteed to all, without regard to race
-Dis a war.
That until that day the dream of lasting peace,world citizenship rule of international morality will remain in but a fleeting illusion to be pursued, but never attained
-Now everywhere is war - war.
And until the ignoble and unhappy regimesthat hold our brothers in Angola, In Mozambique, South AfricaSub-human bondage have been toppled, utterly destroyed -Well, everywhere is war -Me say war.
War in the east, War in the west,
War up north, War down south -War - war -Rumours of war.
And until that day,the african continent will not know peace, we Africans will fight - we find it necessary -And we know we shall win. As we are confident in the victory of good over evil -Good over evil, yeah!Good over evil -Good over evil, yeah!Good over evil -Good over evil, yeah!
Fontes:
Texto: Letra da música War de Bob Marley
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